Caros leitores,
A apresentação do segundo número da Revista Discente
Expressões Geográficas à comunidade acadêmica concretiza
a continuidade deste projeto coletivo. Como em qualquer processo, tivemos
que enfrentar vários desafios, tanto internos quanto externos.
O primeiro deles, diz respeito à periodicidade. A decisão pela
anualidade foi uma necessidade imposta pelas condições materiais
de produção da Revista. Em tempos de enxugamento de prazos,
recursos e infra-estrutura universitária, a semestralidade da Revista
significaria uma sobrecarga para os integrantes da comissão editorial,
cuja opção de trabalho não contempla remuneração
financeira. Enfatizamos, no entanto, nosso comprometimento em manter aberto
um canal de divulgação entre a academia e a sociedade. Mantemos
enquanto proposta aprender, ampliar e qualificar debates relativos às
diversas expressões geográficas.
Um outro desafio que não podemos deixar de mencionar, foi lidar com
a perda do nosso companheiro Miguel Matias Utzig Müller (in memorian).
Além de uma sólida contribuição intelectual, Miguel
marcou a formação da nossa coletividade através de sua
postura firme em favor do diálogo democrático no grupo. A ele
dedicamos este segundo número e a nossa organização em
favor da socialização do conhecimento.
Mas a nossa caminhada neste último ano, também foi bastante
gratificante. A entrevista com o Professor João José Bigarella,
é sem dúvida, uma oportunidade ímpar de compartilhar
com os leitores a experiência deste grande pesquisador brasileiro. Assuntos
atuais como a transposição do Rio São Francisco, empobrecimento
das populações, crítica aos pacotes tecnológicos
e devastação dos recursos naturais foram tratados com contundência.
Nossos sinceros agradecimentos ao Professor pela disposição
em nos conceder a entrevista.
A divulgação e o reconhecimento de nosso trabalho resultou no
recebimento de artigos de autores provenientes de vários estados brasileiros.
Em colaboração com nosso quadro de pareceristas selecionamos
para este número artigos com as seguintes temáticas: reestruturação
produtiva da indústria do vestuário em Brusque/SC; geografia
escolar; desenvolvimento costeiro na Ilha de Santa Catarina; assentamentos
rurais; o papel da paisagem na construção do discurso político;
e metodologia da pesquisa geográfica. Apresentamos também a
tradução de um artigo sobre abordagem integrada na conservação
da biodiversidade no Canadá. O número também é
enriquecido pelo Relatório de Campo sobre o impacto ambiental ocasionado
pela produção e mineração do carvão na
região sul de Santa Catarina e pela publicação de resumos
de Trabalhos de Conclusão de Curso de universidades brasileiras.
No link Geoeventos, relatamos alguns eventos nos quais a comissão editorial
se fez presente. Estas vivências nos trouxeram vários questionamentos
a respeito da manutenção/difusão da “cultura da
mercantilização da produção do conhecimento”,
através da proliferação da indústria de congressos
dentro da esfera das universidades federais brasileiras, tema que com certeza
merece uma maior reflexão.
Enfim, agradecemos aos autores que nos confiaram seus trabalhos, aos pareceristas,
aos colegas e professores que contribuíram para a realização
deste número.
Boa leitura!