Prezados leitores,
Esta terceira edição da Revista Discente Expressões Geográficas
acontece num momento singular de nossa demarch. Com a integração,
durante o último período, de novos participantes, buscamos superar
as carências de pessoal que em alguma medida se opuseram ao nosso trabalho,
em virtude da própria rotatividade esperada de um quadro discente.
No percurso deste processo de renovação, houve mudanças
em nossa organização e, pelo menos, uma tendência foi
ratificada: continuamos sensíveis aos anseios de socialização
do conhecimento, como de toda a riqueza social, e, cada vez mais, na luta
com o povo para transformarmos a atual realidade. Questionamos se não
é este o papel de um geógrafo e de qualquer um entre os seres
humanos.
No momento em que assistimos mundialmente a uma crescente ameaça das
condições de reprodução da sociedade, vivemos,
também no Brasil, situações que atentam contra a vida
de milhares de pessoas; desta vez, o ruído soou bem perto de nós:
foi o atraso no pagamento dos novos bolsistas da Capes que tornou premente
aos trabalhadores pós-graduandos se fazerem organizados e com força.
Feliz ou infelizmente, a marcha do capitalismo não cessa de outro modo
senão por um poder coletivo que se lhe oponha; e dê nova utilização
ao trabalho e às demais forças da natureza.
Nova utilização, também, há de ter a Ilha de Santa
Catarina! A chamada “operação moeda verde”, esperamos,
possa, no mínimo, chamar a atenção para os desvarios,
em termos de uso e ocupação do solo, praticados nessas terras;
particularmente, quando já se sabe tanto sobre as conseqüências
da degradação ambiental mediocremente praticada em função
dos interesses egoístas da acumulação privada. Diante
disso, esperamos poder contribuir para a consciência dos destinos de
nossa cidade, unindo a ciência à necessidade, participando dos
eventos organizados por movimentos de luta coletiva e de interesse social.
Fica o desafio para o próximo número, de melhor organizarmos
a seção Geoeventos da Revista, a fim de que possamos ampliar
o diálogo com a comunidade em geral.
Assim, a Revista vem apresentar aos caros leitores uma “árvore
de sensibilidade geográfica” através de seus artigos,
relatos de campo, resumos de monografias. Menção especial à
entrevista da Profª. Maria Adélia A. de Souza, que realizamos
no primeiro semestre do último ano, momento no qual, nossa geógrafa
expôs, com ternura e firmeza, uma crítica contundente à
sociedade contemporânea e aos rumos atuais da atividade científica.
Com grande satisfação, também apresentamos publicamente
uma série de doze Resumos de Monografias; na qual, participam profissionais
recém formados em Geografia e áreas afins. Além disso,
o Relato de Saída de Campo realizado por Gisele G. Alarcon e Eduardo
H. Silva, sob o título “Mapeamento e caracterização
da cobertura vegetal e uso do solo do Parque Nacional de São Joaquim
– SC”.
E, dentre os artigos desta edição, destacamos as discussões
trazidas sobre: “A gestão participativa no caso do saneamento
da região dos Lagos, Rio de Janeiro”, por Luiz Firmino M.
Pereira; “Cidade e meio ambiente em debate: notas sobre o papel
da infra-estrutura de saneamento no planejamento estratégico urbano”,
por Thiago Ramos Machado; “Jaraguá do Sul (SC): expansão
urbana, fragmentação espacial e vulnerabilidade ambiental”,
por Daiane Bertoli; “Demanda e disponibilidade hídrica no
sistema Lagoa Mirim – São Gonçalo – Rio Grande do
Sul”, por Gilnei Machado; e, por fim, apresentamos a tradução
do capítulo do livro da profª. Doreen Massey (Open University
– Inglaterra) “Imaginando a Globalização: geometrias
de poder de tempo-espaço”; ao qual fazemos particular referência
tendo em vista a polêmica que envolveu sua publicação:
deparamos-nos com a cobrança de royaltes para que pudéssemos
vir a publicá-lo. Neste caso, fizemos amplo debate, na condição
de responsáveis por uma Revista manifestamente comprometida com a socialização
dos produtos do conhecimento, e resolvemos que: considerando o trabalho realizado
pelos tradutores do artigo, mediante o nosso desconhecimento prévio
de qualquer valor a ser pago, e em virtude de querermos construir boas relações
acadêmicas, admitimos o pagamento exigido na condição
de direitos autorais. Mantemos, porém, postura crítica frente
à privatização do conhecimento científico, bem
como o compromisso de garantirmos o acesso livre ao referido trabalho e sua
mais ampla divulgação. Para tanto, assumimos todo e qualquer
ônus.
Esperamos que tenham uma prazerosa leitura!