Prezados leitores,

A internet revolucionou a forma dos seres humanos de se comunicar, colocando seus usuários na condição de agentes e difusores de informações, abrindo um vasto espaço para a prática da mídia independente pelo cidadão comum. Entretanto, não existe atualmente um marco regulatório da internet no Brasil. Está em trâmite no Senado Federal, um projeto substitutivo de lei do Senador Eduardo Azeredo, do Estado de Minas Gerais, que a pretexto de coibir “crimes na internet”, prevê a institucionalização de mecanismos de controle de fluxos de informações, armazenamento de dados e ainda cria um aparato penal para cercear a liberdade individual na internet. Longe de atender aos interesses do bem-estar social, o projeto apresentado representa um retrocesso concreto ao colocar barreiras às informações que hoje circulam livremente pela rede mundial de computadores.

Na condição de um periódico eletrônico em prol da liberdade da informação e do conhecimento, a Revista Discente Expressões Geográficas apresenta sua mais nova edição, a qual representa o trabalho coletivo de estudantes de Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina. Neste quinto número, foram reunidos ao trabalho da comissão editorial da Revista, de seus apoiadores técnicos e pareceristas internos e externos, a produção de autores oriundos de quatorze universidades brasileiras, além das contribuições de três entrevistados, pesquisadores de universidades do Brasil, da França e do Chile.

No que diz respeito às publicações aqui reunidas, estão os Artigos: “Ensaio sobre o espaço como modalidade ontológica do ser: nos caminhos de Armando Corrêa da Silva”, de Humberto Guimarães; “Geografia ensinada – Geografia vivida? Conceitos e abordagens para o ensino fundamental no Paraná”, de Ana Paula Alves e Cicilian Sahr; “Os sistemas locais de conhecimento agroecológico – SLCA – e o desenvolvimento territorial sustentável no litoral centro-sul do Estado de Santa Catarina, Brasil”, de Laci Santin e Juliana Adriano; e “Vale do Jequitinhonha: a região e seus contrastes”, de Patrícia Guerreiro; as Entrevistas com os professores: Paul Claval, da Universidade de Sorbonne; Hugo Romero, da Universidade do Chile; Rogério Haesbaert, da Universidade Federal Fluminense; e os seguintes Relatórios de Campo: “A região metropoplitana da grande Vitória e a região metropolitana do Rio de Janeiro”, de Raquel Daré; “Geologia, Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo em Morro do Chapéu / BA (NE-Brasil)”, de David Amorim; e “Geologia da planície costeira das folhas Tubarão (IBGE, 1970), Laguna (IBGE, 1980) e Vila Nova (IBGE, 1976), setores centro-sul e sudeste do Estado de Santa Catarina, Brasil”, de João Joaquim, Norberto Horn Filho, Cristina Covello, Leonardo Lourenço e Vinícius Diebe. Por fim, ainda foram publicados 17 Resumos de Monografia de diversas universidades brasileiras, totalizando 27 publicações.

O aumento do número de publicações desta Edição, comemorativa de cinco anos, reflete o desenvolvimento do processo de organização da Revista, que se realiza com o ingresso de novos participantes e com a maior divulgação de suas atividades (que permite aproximar mais pessoas de diferentes lugares e diversas áreas do conhecimento em diálogo com a Geografia). Permanecem como desafios, a atualização da agenda e a transformação da seção “GeoEventos” num meio livre de divulgação das informações sobre os eventos, sob o ponto de vista dos seus participantes. Também, com a crise atual, tende a aumentar a disposição da sociedade para a construção de novas formas de organização e de conhecimento, o que deverá significar um espaço mais dinâmico para a atuação da Revista.

Neste momento, os sistemas de conhecimento cumprem papel de destaque na produção da existência humana; as Universidades, por sua vez, estão no centro das estratégias dos principais agentes de produção do espaço, incluindo, empresas privadas, governos e movimentos sociais. A privatização, por um lado, se afirma como proposição do capital para a próxima etapa do desenvolvimento social, prometendo superar a crise através do aumento da lucratividade das empresas privadas. Por outro lado, os setores populares constroem suas organizações e movimentos buscando superar o isolamento e a dificuldade de apropriar-se do território. Esta realidade materializa-se, dentre outros, através de projetos técnicos distintos envolvendo o uso das Universidades Públicas que finalmente expressam posições políticas e materiais diversas no que se refere a produção do espaço.

No Departamento de Geociências da UFSC houve recentemente eleições para chefia do departamento e coordenação da pós-graduação. Ressalte-se o aumento da participação dos estudantes neste processo, tendo em vista o fortalecimento da representatividade e da atuação deste segmento social no campo das decisões políticas do Departamento. Os movimentos recentes podem ser um indício de uma maior participação em debates importantes como o do novo código ambiental de Santa Catarina, da transposição do Rio São Francisco, da questão energética, dos desastres ambientais, etc. Com a proposta de incentivar o debate livre de idéias e sua mais ampla divulgação, esta revista se apresenta a fim de contribuir com a comunicação entre estudantes, professores e profissionais da Geografia e de áreas afins, para o alicerce de uma Universidade comprometida com a evolução da sociedade.

A conivência de grande parte da sociedade para com os acontecimentos que segregam e degradam cada vez mais as relações entre seres humanos, se dá em parte pela alienação que hoje avassala o cotidiano prático dos indivíduos com uma normalidade reprodutiva. Os desejos se confundem, os sentimentos se contradizem, mas o ideal de felicidade burguesa impera. A outra parte, a mais crítica, vem da dificuldade daqueles que estão à margem do sistema de se fazerem ouvir. Talvez eles tenham a resposta, ou ao menos parte dela, sobre como criar e recriar o seu dia-a-dia. Linhas de fuga, saídas de escape, desvios, loucura... Por novas sociabilidades, modos de ver e de se expressar. Viver plenamente!

 

Agradecimentos especiais

À contribuição da Profª Glícia Pontes, do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará, que produziu de forma voluntária uma nova feição gráfica para o logo e o material de divulgação impressa da Revista.

Aos professores: Carla Bonetti, Carlos Espíndola, Ewerton Machado, Francinete Brito, Magaly Mendonça, Margareth Pimenta e Walquíria Correa, pelos pareceres externos desta edição.

Ao Departamento de Geociências e ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina.


 

<< retornar