Prezados leitores,

Uma característica marcante dos últimos anos é o desenvolvimento em ritmo acelerado das tecnologias de comunicação em apoio ao processo de mundialização da produção capitalista que, ao mesmo tempo, conduz a um variado processo de difusão dos meios de comunicação, com outros setores da sociedade tendo acesso a novos meios técnicos para se comunicar.

Porém, dada a extrema desigualdade com que são distribuídos os meios de reprodução sociais, incluindo os veículos de comunicação, se vêm realizando importantes contestações sociais ao longo da atualidade, na medida das mais acirradas contradições econômicas desenvolvidas pelo sistema do capital, especialmente, no decurso da última grande crise, diga-se de passagem, sem precedentes na história, cujas conseqüências atentam gravemente contra as condições de vida da maioria da população mundial.

Desse modo, surgem novas redes de comunicação representando a organização de diversos setores sociais, de acordo com a afinidade de seus interesses e visões de mundo, ainda mais, como forma de contestação das atuais limitações à liberdade de existência da sociedade. Por outro lado, ao verem seus poderes exclusivistas escaparem pelas redes comunicacionais que se estabelecem e se disseminam reformulado opiniões e práticas sociais, as classes dominantes da sociedade procuram impor, inclusive utilizando o poder do Estado, a força de práticas normativas e repressivas sobre as novas vias de comunicação, claramente, a fim de criminalizar as iniciativas organizativas dos setores populares da sociedade em luta por seus direitos.

Dada essa problemática, a Revista Discente Expressões Geográficas vem buscando realizar discussões abertas envolvendo a temática “Geografia e Comunicação”. Com isso, organizou, entre os dias 5 e 9 de abril do corrente ano, seu 2º Seminário, sob o referido tema, na perspectiva da maior propagação social do conhecimento científico e informacional, através das redes de comunicação que se estabelecem com vistas à superação dos atuais desafios sociais.

A possibilidade de realização deste evento se deu, primeiramente, em função do processo de reestruturação do coletivo da Revista verificado nos últimos dois anos, que resultou na integração de novos membros às suas comissões, incluindo a comissão editorial e as comissões de pareceristas internos, externos e de apoio técnico. Isto, em função de um planejamento visando, não apenas a produção anual da Revista, mas sua reprodução ao longo do tempo.

Por outro lado, os novos integrantes, bem como as condições estruturais presentes, contribuíram para ratificar os objetivos gerais desta Revista, além de permitir um verdadeiro salto de qualidade no trabalho coletivo realizado, incluindo o produto desta sexta edição que, mais uma vez, pretende ampliar a produção e difusão do conhecimento produzido na Geografia e em áreas afins, possibilitando, sobretudo, atender aos anseios de um contingente ampliado de pesquisadores.

A demonstração do crescimento da Revista não pára entretanto na inserção de novos membros em sua organização, mas se estende ao aumento da participação de autores enviando trabalhos para publicação. Para se ter uma idéia, recebeu-se um número redobrado de trabalhos no último ano que resultaram nesta edição, que contempla 6 artigos, 6 relatórios de campo, além de 26 resumos de trabalhos acadêmicos, oriundos de várias partes do país, com maior participação dos estados da região Sul do Brasil, e em especial da Universidade Federal de Santa Catarina, mas também vindos de outros estados, como Mato Grosso do Sul, Amazonas, Pará, Bahia, Goiás, dentre outros, o que, finalmente, ratifica tanto a inserção da Revista em seu local de origem, como a gradual difusão desta publicação em outros lugares do país.

Quanto aos Artigos publicados neste número, o trabalho intitulado “CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DOS ESPAÇOS DE PODER” busca evidenciar, através de abordagens acerca do conceito de Poder, os conflitos produzidos no processo de execução de grandes obras de engenharia em território brasileiro, em específico àquelas relacionadas com o aproveitamento hidráulico de rios e aqüíferos.

Contemplando também a discussão dos conflitos nos usos do território, o artigo “ACRE: ENTRE O FUZIL E A BORRACHA” contribui ao debate sobre os impasses geopolíticos na América Latina engendrados no final do século XIX e início do século XX em torno das atividades extrativistas da borracha.

Em consonância ao debate plural reivindicado por esta Revista é apresentado o artigo “O CONCEITO GEOGRÁFICO DE PAISAGEM E AS REPRESENTAÇÕES SOBRE A ILHA DE SANTA CATARINA FEITAS POR VIAJANTES DOS SÉCULOS XVIII E XIX” onde os autores procuraram discutir o conceito de paisagem, a partir da análise da representação produzida por viajantes, pesquisadores e artistas sobre a Ilha de Santa Catarina no referido período histórico.

Ainda dentro de uma abordagem geográfica, o artigo “FERROVIA E MEMÓRIA: REFLEXÕES SOBRE A FERROVIA EM IRATI-PR E SEU USO COMO PRODUTO TURÍSTICO” analisa a ferrovia de Irati como um marco na construção da identidade da sociedade local, um patrimônio histórico cultural servil à reconstituição da origem do município, evidenciando assim a possibilidade do uso turístico desta rugosidade espacial.

Partindo para outras vertentes o artigo “CARACTERIZAÇÃO DAS MICRORREGIÕES DO RIO GRANDE DO SUL A PARTIR DE TÉCNICAS QUANTITATIVAS E DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA” avalia as possibilidades técnicas oferecidas por análises quantitativas e pela cartografia temática no estudo sobre o espaço.

Por fim, apresenta-se o artigo “GEOLOGIA DA PLANÍCIE COSTEIRA DAS FOLHAS JAGUARUNA E LAGOA DE GAROPABA DO SUL, SC, BRASIL” onde, através da análise destas folhas, debate-se a caracterização geológica destas regiões ressaltando-se os temas sobre o quaternário brasileiro e depósitos antropogênicos através de uma análise paleogeográfica.

Também dando continuidade à prática de realização de Entrevistas, esta edição traz um diálogo com o professor Carlos Augusto Figueiredo Monteiro, que fala sobre sua vida e obra, sua paixão pela Geografia, bem como os significados atribuídos a ela.

A Comissão Editorial agradece a colaboração de nossos Apoiadores Técnicos, Pareceristas Externos e Internos assim como a todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para realização desta edição.


Uma boa leitura!

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